Para João Carlos Pereira
– Desce mais uma, oh ‘’Garrafão’’!
O dono do bar estava preocupado, pois nunca tinha visto tal coisa. O amigo e freguês, de longa data, Silverinha estava tomando todas sem parar.
– Eita! ‘’Vamo home’’, bota a branquinha em cima do balcão duma vez!
Na cabeça do PM Silveira, não saia à imagem do detendo que estava nu; pendurado e amarado pelas mãos. E o convite que lhe fizera o Sargento segurando um cabo de vassoura: – Quer experimentar soldado...Não fora para isso que entrara para a polícia afinal de contas. Na cabeça do soldado ainda ressoava os gritos do detento.
–Chega!Chega rapaz. Vai pra casa, tua mulher e teus filhos ‘’tão’’ te esperando em casa rapaz.
– Me vê uma garrafa, e um maço de ‘’cigarro’’, que ‘’to’’ indo embora!
O soldado Silveira decide ir a pé para casa e, deixar a chave do carro com o dono do bar, no dia seguinte o pegaria de volta. E os gritos do detento que ressoava em sua cabeça, agora também lhe trouxera a uma triste realidade. Ao recusar uma ordem, mesmo que absurda e brutal como aquela era o último estágio para sua exclusão dos quadros da polícia. Pois agora nem a ‘’banda corrupta’’ da polícia o aceitaria. E foi com essa certeza que lhe tomava de assalto a mente, fazendo coro aos gritos do detento que o soldado foi andado e cambaleando para casa. Foi um martírio, aquela volta para casa, mas parecia um mártir, escoltados por seus algozes indo para o derradeiro fim...
Samuel C. Costa é cronista em Itajaí
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